Tenho olho seco. E agora?
Uma das queixas mais comuns no consultório de oftalmologia é a de ardência e sensação de areia nos olhos. Dentre várias causas possíveis está o olho seco. E afinal, o que é o olho seco? Vamos primeiramente falar da anatomia da lágrima. O filme lacrimal (ou lágrima) é formado por 3 camadas de substâncias. A camada em contato com o ar é chamada de lipídica, a camada do meio é chamada de aquosa e, a camada em contato com o olho, é chamada de mucinosa. A córnea é uma lente transparente natural do olho.
Basta você olhar bem perto o olho de outra pessoa que perceberá esta lente. A lágrima tem o papel de manter a córnea umidificada, transparente e fornecer nutrientes vitais para ela. Contudo após um certo tempo, a camada lipídica naturalmente se rompe e logo em seguida a camada aquosa evapora. Chamamos isso de Tempo de Ruptura da Lágrima ou em inglês Break Up Time (BUT) e este tempo dura cerca de 10 segundos. Em seus estágios iniciais, o olho seco pode ser assintomático e conforme vai avançando, os sintomas vão aparecendo.
Os principais sintomas do olho seco são: olhos vermelhos e irritados, sensação de areia, secura e queimação, visão borrada e fotofobia (sensibilidade à luz). Diversas podem ser as causas do olho seco, como: idade avançada, mudanças hormonais, doenças sistêmicas (Doença de Parkinson, Diabetes), Menopausa, Síndrome de Sjögren, uso de medicações sistêmicas (anti-histamínicos, estrogênio, amiodarona), medicações oculares com conservantes, deficiência nutricional, blefarite e baixa umidade do meio ambiente. Outro fator importante que pode aumentar os sintomas do olho seco é o uso ininterrupto de celulares, tablets, computadores, televisão, horas de leitura sem pausa, dias mais secos e o uso incorreto de lentes de contato.
Quando estamos atentos a uma atividade, diminuímos a frequência de piscar, com isso, lubrificamos menos os olhos e os sintomas do olho seco tornam-se mais evidentes. O diagnóstico é feito através do exame de biomicroscopia, usando um corante vital chamado fluoresceína. Outros exames complementares, como: teste de schirmer, lisamina verde, rosa bengala e o teste da osmolaridade também podem ajudar e são utilizados em casos mais severos.
O tratamento principal é feito com lágrimas artificiais, com ou sem conservantes, controle ambiental. Existem terapias adicionais como uso de Omega 3 e 6, antioxidantes orais, imunossupressores tópicos e, em casos graves, até oclusão do ponto lacrimal e cirurgia.
Dr. Andrew Alves Marinho Oftalmologia
CRM: 52 97566-4
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