Um tempo para a morte
Se existe algo hoje que é difícil de priorizar é o tempo. Não tenho tempo, estou atrasado, com pressa, não posso ir. Mas quando a morte chega, querendo ou não, precisamos parar. A morte é uma pausa obrigatória, independentemente da nossa vontade.
Diante da perda de quem amamos, nos questionamos. Da vida, da morte, do que andamos fazendo com o nosso tempo: Será que aproveitei o suficiente ao lado dessa pessoa tão importante pra mim? Fiz o melhor que eu podia para que ela se sentisse feliz? Ou estava ocupado demais com excesso de trabalho e outras prioridades sem real importância?
A morte vai chegar e isso é um fato. O que nos faz lidar melhor com essa ideia é sentir que valorizamos a vida em sua plenitude. Somos sim, feitos de momentos, e quanto melhores eles forem, mais vale a pena ter vivido. O problema não é morrer, mas viver sem sentido e acabar a existência sem nenhum propósito.
Além disso, precisamos lidar com o fim. Tudo tem um final, e a morte recobra nossa finitude. A despedida nos traz a clareza do que sentimos no período em que convivemos com o outro. Terminar uma relação é tão valioso quanto começar, a compreensão do fim nos possibilita elaborar o que vivemos naquele contato, dizer tudo o que ficou faltando e encerrar, mesmo, sem evitar as discussões, os conflitos. O outro pode e precisa saber o que eu sinto.
Isso prepara-nos, molda-nos para uma relação nova, sem estar misturada com problemas passados, com emoções engasgadas. Se houve ponto final, recomeça outra frase, uma nova frase. A relação morre, em paz, dando espaço para contatos saudáveis com outras pessoas, sem o mal-estar da lembrança do outro, há compreensão daquilo que valeu a pena e daquilo que não foi possível viver mais.
As perdas nos desenvolvem como pessoas, nos tornamos mais humanos, frágeis e entendemos nossa condição de um ser mortal, sem controle ou seguranças reais. A vida escorre através dos anos, e isso não é ruim. Vamos envelhecendo e, cada vez mais, amadurecendo.
Vanessa Gonçalves
Psicologa Clinica
Espaço Transfigurar-te
Psicólogas responsáveis: Luana Menezes e Vanessa Gonçalves
Tels.: 99932.8683 | 3178.2637
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